XX - XY
segunda-feira, dezembro 15, 2003
Querida Maria
E agora que temos um "feedback" dos nossos queridos leitores, que se contam entre as largas unidades, não posso deixar de postar aqui os primeiros textos enviados. Como deverão os estimados leitores compreender, não nos é possível mostrar todos os textos enviados pelo que uma pequena seleção aleatória será contemplada.
A todos o nosso muito obrigado.
Já não chove, e o Mendigo esse, também já não partilha este ar ofegante que aereamente assimilamos. O Mendigo subordinou-se à gélida apatia dos nossos rostos que através de comuns vultos reproduziam triviais dúvidas existenciais, aos nossos passos que impensadamente calcavam a porta de entrada do seu mundo, ao nosso cheiro que dia para dia tornava-se semelhante ao seu. E eu, eu nunca irei perceber o que o Mendigo queria dizer, não pela sua ausência, mas sim pela simplicidade do seu querer.
Submitted by: sexy like jesus [email]
Wednesday, 12.10.2003 @ 12:55 AM
Foi apenas mais um dia. Hj nem vi mendigos, nem ouvi música de Natal, nem visualizei a enjoativa azáfama junto às montras das lojas, fruto de um subsídio de Natal que parecendo ser extra, apenas vem apaziguar aparentemente a crise económica em que nadamos...
Mas outras crises sobrepõem-se a esta. A crise pessoal por exemplo. Aquela q n se adivinha na carteira mas nos olhos de quem observamos. Andamos todos tristes. Essa é a verdade. Mergulhados um pouco no saudosismo português, o certo é que somos confrontados diariamente com a inexistência de um sorriso e de um "boa tarde" que não siga os parâmetros meramente diplomáticos. Naturalidade, espontaneidade... "kadê vc?" (já que estamos cada vez mais sufocados no brasileirismo das telenovelas...A este respeito, surpreendentemente, num inquérito realizado recentemente na nossa cidade funchalense, um grupo de jovens com idades compreendidas entre os 13 e 16 anos, confessou preferir as telenovelas portuguesas... estranho??... seria uma alusão ao "big brotherismo"?) Mas onde ia eu.. No pessimismo.Pois... tanta é a frustração q maioritariamente, mesmo os mais cépticos, acabam agarrados ao televisor comendo bolachas, espreitando deliciados( com as bolachas?) a vida de outrém.. o voyeurismo.. Tanto -ismo nas nossas vidas... Algo de positivo deve haver aqui certamente. Onde..não sei bem. Melhor ir dormir. Quem sabe não encontro resposta nos lençóis.
Submitted by: Anaisa [email]
Saturday, 12.06.2003 @ 4:52 AM
No papel de mendigo, estendo a mão, como manda o protocolo... O silêncio em redor persiste e uma peça de metal cai na minha mão... fria... leve... indiferente... e triste... tb ela, só e perdida num mundo de sombras e sonhos, como eu. Minha mão não acolheu o calor de outra... O meu olhar recebeu apenas um sorriso vindo de cima, lançado com piedade, na angustia de um silêncio e na frieza de um gesto que não procurou mais do que impressionar o povio que se aglomerava diante das montras e que passava apressado, no amontoado de sacos, laços dourados e embrulhos de requinte. Cheirava a Natal nas ruas. Mas o frio das almas que ali passeavam e exibiam o vício preverso do consumismo, arrefecia e era tão frio quanto aquela pekena peça de metal que caíra, jogada do alto... na minha mão, chorando por afecto e por uma palavra apenas. Está frio... Recolho minha solidão e encontro no quarto vazio a esperança de que amanhã terei acordado lúcida de q a vida é pura e simplesmente moldada por nós.
Submitted by: Anaisa [email]
Wednesday, 12.03.2003 @ 4:07 AM
Fiquei me questionando se terias realmente encontrado o tal mendigo... O tal que fala e que ninguém pára para ouvi-lo... Fiquei pensando se o terias ouvido no dia seguinte. Terias talvez percebido q não foste apenas tu quem teve vontade de rezar nesse dia chuvoso e que a fome de vida é uma constante, mesmo nos que vestem a capa mais fria e implacável da indiferença... Nesse dia, esse mendigo era eu. Hj, aqui, neste momento, continuo a sê-lo. Isto porque a grandeza de alma que busco não sacia minha sede de felicidade. Hj, alguém limitou-se apenas a me questionar: "Menina X em que mundo vive?" Aí eu percebi... Sim, devo ter vindo de outro planeta. Apagaram-me a memória, incutiram-me princípios que não cabem mais na alma do Homem dos nossos tempos. Não serei grande alma. Minha presunção não iria tão longe. Aliás...ela é inexistente. Diria antes, que sou esse mendigo que deambula e que ninguém se digna ouvir por um momento... um quadro q parou no tempo e petrificou o sabor do sorriso que sempre coloria o seu rosto.
Submitted by: Anaisa [email]
Wednesday, 12.03.2003 @ 3:51 AM
A todos o nosso muito obrigado.
Já não chove, e o Mendigo esse, também já não partilha este ar ofegante que aereamente assimilamos. O Mendigo subordinou-se à gélida apatia dos nossos rostos que através de comuns vultos reproduziam triviais dúvidas existenciais, aos nossos passos que impensadamente calcavam a porta de entrada do seu mundo, ao nosso cheiro que dia para dia tornava-se semelhante ao seu. E eu, eu nunca irei perceber o que o Mendigo queria dizer, não pela sua ausência, mas sim pela simplicidade do seu querer.
Submitted by: sexy like jesus [email]
Wednesday, 12.10.2003 @ 12:55 AM
Foi apenas mais um dia. Hj nem vi mendigos, nem ouvi música de Natal, nem visualizei a enjoativa azáfama junto às montras das lojas, fruto de um subsídio de Natal que parecendo ser extra, apenas vem apaziguar aparentemente a crise económica em que nadamos...
Mas outras crises sobrepõem-se a esta. A crise pessoal por exemplo. Aquela q n se adivinha na carteira mas nos olhos de quem observamos. Andamos todos tristes. Essa é a verdade. Mergulhados um pouco no saudosismo português, o certo é que somos confrontados diariamente com a inexistência de um sorriso e de um "boa tarde" que não siga os parâmetros meramente diplomáticos. Naturalidade, espontaneidade... "kadê vc?" (já que estamos cada vez mais sufocados no brasileirismo das telenovelas...A este respeito, surpreendentemente, num inquérito realizado recentemente na nossa cidade funchalense, um grupo de jovens com idades compreendidas entre os 13 e 16 anos, confessou preferir as telenovelas portuguesas... estranho??... seria uma alusão ao "big brotherismo"?) Mas onde ia eu.. No pessimismo.Pois... tanta é a frustração q maioritariamente, mesmo os mais cépticos, acabam agarrados ao televisor comendo bolachas, espreitando deliciados( com as bolachas?) a vida de outrém.. o voyeurismo.. Tanto -ismo nas nossas vidas... Algo de positivo deve haver aqui certamente. Onde..não sei bem. Melhor ir dormir. Quem sabe não encontro resposta nos lençóis.
Submitted by: Anaisa [email]
Saturday, 12.06.2003 @ 4:52 AM
No papel de mendigo, estendo a mão, como manda o protocolo... O silêncio em redor persiste e uma peça de metal cai na minha mão... fria... leve... indiferente... e triste... tb ela, só e perdida num mundo de sombras e sonhos, como eu. Minha mão não acolheu o calor de outra... O meu olhar recebeu apenas um sorriso vindo de cima, lançado com piedade, na angustia de um silêncio e na frieza de um gesto que não procurou mais do que impressionar o povio que se aglomerava diante das montras e que passava apressado, no amontoado de sacos, laços dourados e embrulhos de requinte. Cheirava a Natal nas ruas. Mas o frio das almas que ali passeavam e exibiam o vício preverso do consumismo, arrefecia e era tão frio quanto aquela pekena peça de metal que caíra, jogada do alto... na minha mão, chorando por afecto e por uma palavra apenas. Está frio... Recolho minha solidão e encontro no quarto vazio a esperança de que amanhã terei acordado lúcida de q a vida é pura e simplesmente moldada por nós.
Submitted by: Anaisa [email]
Wednesday, 12.03.2003 @ 4:07 AM
Fiquei me questionando se terias realmente encontrado o tal mendigo... O tal que fala e que ninguém pára para ouvi-lo... Fiquei pensando se o terias ouvido no dia seguinte. Terias talvez percebido q não foste apenas tu quem teve vontade de rezar nesse dia chuvoso e que a fome de vida é uma constante, mesmo nos que vestem a capa mais fria e implacável da indiferença... Nesse dia, esse mendigo era eu. Hj, aqui, neste momento, continuo a sê-lo. Isto porque a grandeza de alma que busco não sacia minha sede de felicidade. Hj, alguém limitou-se apenas a me questionar: "Menina X em que mundo vive?" Aí eu percebi... Sim, devo ter vindo de outro planeta. Apagaram-me a memória, incutiram-me princípios que não cabem mais na alma do Homem dos nossos tempos. Não serei grande alma. Minha presunção não iria tão longe. Aliás...ela é inexistente. Diria antes, que sou esse mendigo que deambula e que ninguém se digna ouvir por um momento... um quadro q parou no tempo e petrificou o sabor do sorriso que sempre coloria o seu rosto.
Submitted by: Anaisa [email]
Wednesday, 12.03.2003 @ 3:51 AM
posted by Mike at 12/15/2003 02:22:00 da tarde
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