XX - XY

quarta-feira, outubro 29, 2003

Deambulações

E se não sou capaz de ver as coisas? E se toda a minha teoria de como é esta coisa de viver, de ser alguém está errada? E se não existirem só sete cores no arco-irís? E se Amar é só uma visão romântica, uma espécie de fé que nos foi incutida e ensinada a sonhar? E como saberia eu de que estas coisas estariam mal? Ou bem?
Um dia apeteceu-me levantar as minhas defesas, preparar-me para um Mundo que não conhecia e para algo que nada nem ninguém me poderia preparar, Eu. Pois, as vezes desejo nunca as ter levantado. Nesse pequeno gesto em que me consciencializei de que era alguém, nesse momento em que me encontrei ainda que fragmentado a tentar desesperadamente juntar as peças de um puzzle que muito poucos conseguiram acabar percebi a minha impotência. E teriam mesmo terminado? Nunca saberei, mas sei, no entanto que hoje sentei-me e tive a certeza de que a vida é para ser vivida, com toda a pujança e arrojo que nos for possível. E a liberdade é o quê? Fazer o que nos apetece? Ser-nos permitido fazer o que nos passar pelo pensamento? Ou simplesmente estar sentados e conseguir sentir a vida?


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Se nos fosse concedido um só desejo, uma só oportunidade de termos algo, que escolheriamos? Em plena consciência, não sei responder. Poderia pedir algo para mim. Dinheiro, muito dinheiro. Dinheiro suficiente para fazer o que me apetecesse. Correr esse mundo e ver tudo aquilo que sempre quis ver, fazer o que sempre quis fazer, uma casa na praia, carros arrumados cromaticamente na garagem, muito dinheiro. Mas ia desperdiçar o meu desejo em algo material? Não. Queria ser alguem famoso, transmitir a minha mensagem ao maior número de pessoas possível. Seria um músico. Tocaria e cantaria para arenas e estádios cheios de pessoas para me ver, para ouvirem aquilo que tinha para dizer. Transmitir o que me ia na alma através de acordes e vocalizações. E seria completo? Estaria realmente feliz? Não, tinha que pedir algo menos egoísta, poderia mudar o mundo e deixara-me levar por materialismos e narcisismos. Pediria paz. Para o mundo todo. Como seria um mundo sem guerras? O que precisaria de mudar para não haverem guerras no mundo. Qual seria o limite do homem? Até que ponto levaríamos a nossa natureza ambiciosa e insatisfeita? Nem consigo conceber tal coisa. Não. Acabaria com a fome no mundo. Outra vez, sou invadido por pensamentos incoerentes. Como seria o mundo se todos nos amassemos verdadeiramente, se nos preocupássemos com a pessoa ao lado? Sem fome e miséria no mundo. Como seria uma sociedade de direitos iguais e sem pessoas sem o que comer? A consciencialização da verdadeira essência comunista fez-me recuar. Ou não deveria? Não. Pediria repostas. Um cubo mágico com as respostas ao que quer que fosse que eu perguntasse. Teria sempre a escolha final, mas escolheria eu o caminho inverso? Como saberia que tinha vindo pelo caminho certo? O que estaria no outro lado? Não. Não sei o que pediria
posted by Mike at 10/29/2003 07:13:00 da tarde

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