XX - XY

A necessidade que temos de nos ligar emocionalmente a alguém não igual para todos. Ponto assente nem merece discussão.
A dificuldade está em dosear essa percepção e manter a a realidade presente no que vamos fazendo no dia a dia. E o que acontece quando distraidamente vamos cedendo aos sonhos? Perder a noção da realidade é sempre tão bom. Difícil é sempre voltar ao mundo real.
Toda a gente procura e deseja mais ou menos o mesmo mas em boa verdade, quando temos aquilo que pedimos, quase instantaneamente traçamos novo rumo deixando para trás tudo aquilo a que nos proposemos construir.
A vida é mesmo assim?
Eu acho que é bom que assim seja. Lembro-me de algumas vezes em que pensei e senti isto mesmo e depois de um período variável em tempo e importância de reflexão e isolamento voltei diferente. Sempre.
Bem ou melhor pouco importa porque a verdade neste mundo real é bem diferente da verdade no meu mundo. Foi então que decidi voltar ao casulo para emergir novamente e seguramente pela última vez.
O segredo é não perder a vontade de sonhar.
Não há outra forma de fazer as coisas?
Espero bem que não porque seria um enorme desperdício de energia e sanidade mental. Além disso nunca me conseguiria integrar nesse mundo. Não depois do agora.
Se eu soubesse todas as respostas não as guardaria de ninguém, mas a verdade é que a dor é necessária. Sempre.
Desde o primeiro momento em que sentimos que queriamos voltar para onde estavamos, como estavamos, só porque não conheciamos outra realidade fomos aprendendo que na verdade a mudança é sempre difícil. Por mais fácil que seja. E assim fomos descobrindo que em todas as decisões que tomamos e até naquelas em que não temos influência ou então que não temos, simplesmente nada a ver, crescemos, aprendemos e ficamos sempre mais fortes. E não raras vezes o que vem depois é sempre melhor.
E eu fui aprendendo mais uma vez que o casulo não tem que ser sempre desconfortável. É tudo uma questão de decoração.
Um quadro, uma flor, um sofá confortável e eu passo bem antes de emergir uma vez mais, um homem diferente.
O outro bem dizia: "I need this old train to break down".